quinta-feira, 8 de maio de 2008

Animais

Alguns de vocês não me conhecem pessoalmente ou outros não me conhecem assim muito a fundo, por isso vou partilhar convosco um dos meus muitos defeitos.

Existem dois animais com que tenho uma relação muito especial. O primeiro, mete-me muito respeito e espero nunca ter que medir forças com ele. O segundo, quero que ele esteja o mais longe possível, porque é um bicho que detesto de todas as maneiras possíveis e por mim seriam completamente extintos da Terra.

O do respeito é o tubarão. Gostava de um dia meter-me naquelas jaulas e dar de comer aos tubarões, acho que são estupidamente perigosos e são capazes de nos desfazer em segundos e por isso sinto um interesse e uma atracção por eles um bocado estranho. Já ouvi dizer que, homem que é homem só vê documentários sobre um tipo de animais e eles são os tubarões!

O outro animal são as aranhas, detesto-as! Todas! As pequenas, as grandes, as pretas, as verdes, as felpudas, as gordas, as esticadinhas, as venenosas, as de plástico e principalmente, as que estão vivas! Quando era pequeno, vivi nos Açores e em Barcelos, e sendo sítios que parecem nada ter em comum, são sítios onde a quantidade de aranhas é maior do que se pensa. Já vi aranhas enormes a saírem do ralo da banheira, aranhas nas sanitas, aranhas atrás do meu roupão no quarto, aranhas a saírem da dispensa, aranhas nas costas de pessoas a entrarem em minha casa e o meu último caso com elas, foi quando andava a pintar a minha actual casa e uma delas decidiu andar lá a passear pela sala de jantar. Felizmente, no mesmo instante que estou a sair de casa aos berros, em completo pânico, uma princesa chegou e que nem homem a sério, matou-a e salvou-me de todo o perigo.

E toda esta conversa porquê?

Porque há dois dias atrás, o Sr. Faísca, mandou-me um mail com a seguinte fotografia.


Como se pode ver, é uma bonita cobra, não muito grande porque podemos usar como escala o isqueiro que está lá atrás e vê-se que o animal não é nenhum bisonte, e que foi fotografada na sonda onde ele trabalha. Já me disseram que era uma víbora e que mais não sei o quê, coisas que não me interessam. Para mim, tanto me faz o nome da bicha nem qual é a sua época de acasalamento, só queria saber se era perigosa ou não. Fui falar com o chefe dos chefes aqui, e ele garantiu-me que os médicos, que estão aqui de serviço 24h por dia, têm os antídotos para qualquer tipo de mordedura. Eu aceitei a resposta e a conversa ficou por aí, sim senhor são venenosas, mas há o antídoto, o médico está a 100m por isso não me vou preocupar.

Ora no dia seguinte, ao mostrar a fotografia a várias pessoas que trabalham aqui comigo, um dos franceses (é verdade, eles estão em todo o lado, com a sua mania de falarem quase inglês…) ficou todo contente ao ver a cobra e disse que desde pequeno que fazia criação de cobras, tarântulas e bichos simpáticos desses… medo… Ele fez ainda o favor de contar que este tipo de cobra é venenoso e que há antídotos para as suas mordeduras, mas cada cobra tem um veneno diferente, há pequenas variações entre cada animal o que faz com que a maioria dos antídotos não sirva de nada. OK, respirei fundo e pensei “Além de ser francês, ainda me diz uma coisa destas….”

Mas a história não fica por aqui.

A ouvir a conversa, estava um holandês, que foi ontem embora para casa, que dorme no quarto em frente ao meu, e o senhor conta a seguinte história:

“Ah e tal, ontem quando estava a chegar ao meu quarto à noite, já estava a ficar escuro e ao subir as escadas passa por mim, muito depressa, uma aranha bastante grande a fugir de mim….”

……

……

Medo e pânico! Muito pânico….

Recapitulando, além de umas deliciosas cobras andarem a ser avistadas ao pé dos sítios onde andamos a trabalhar, este agora vem contar-me que à entrada para o meu quarto andam a acontecer verdadeiras corridas de aranhas, aranhas estas que parece que até os dentinhos têm cá para fora (acho que o termo correcto é quelíceras). Bonito…

O francês, ao ver o meu ar de pânico, ainda tentou dizer que este tipo de aranhas não eram perigosas (ya, vou mesmo acreditar nisso, as aranhas conseguem sobreviver no deserto porque quando encontram uma presa, sacam do relógio e conseguem hipnotizá-las e depois, tranquilamente, comem a sua refeição), mordiam mas só fazíamos uma pequena alergia.

Desde esse dia, ando sempre a olhar para o chão, a ver onde ponho os pezinhos, fecho logo a porta do meu quarto, não levanto nada do chão quando estou cá fora e deitar-me na areia a contemplar o bonito pôr do sol, guardo para quando estiver na Costa da Caparica daqui a três semanas…

Curiosamente, desde esse dia, que as minhas noites nunca mais foram a mesma coisa… Porque será?

Eu não tenho stresses com cobras, são animais dos quais não sinto grande receio, mas aranhas? Acho que se visse uma do tamanho da minha mão a correr, o veneno nem era importante, a síncope cardíaca iria ser tão grave que nem valia a pena ir chamar o médico.


P.S: Claro que não vou contar nada destas coisas à minha mãezinha nem à minha avozinha, para quê serem elas a terem o ataque cardíaco, se sou eu que ando por aqui… Há certas mentiras que não podemos evitar.

1 comentário:

K. disse...

Como te compreendo embora no meu caso esse meu sentimento de nojo seja por baratas... Haverá bicho mais peçonhento?

Aranhas até gosto embora certamente não faria colecção delas... E cobras dizem que são saborosas, que parece frango...

O deserto está mais vivo do que parece à primeira vista!