quarta-feira, 28 de maio de 2008

Kramer e o racismo branco

Recebi isto por mail e mandei a alguns de vocês. Como acho que vale a pena mostrar a ainda mais gente, deixo aqui no blog. Para quem já leu, passe à frente! =)


O politicamente incorrecto…muito bem.

Michael Richards conhecido como Kramer da série televisiva Seinfeld, levantou um bom problema.
O que se segue é o seu discurso de defesa em tribunal depois de ter feito alguns comentários raciais na sua peça de comédia. Ele levanta alguns pontos muito interessantes.

Orgulho em ser Branco

Finalmente alguém diz isto.

Quantas pessoas estão actualmente a prestar atenção a isto?
Existem Afro-Americanos, Americanos Hispânicos, Americanos Asiáticos, Americanos Árabes, etc.
E depois há os apenas Americanos.
Vocês passam por mim na rua e mostram arrogância. Chamam-me 'White boy,' 'Cracker,' 'Honkey,' 'Whitey,' 'Caveman' ...e está tudo bem.
Mas quando eu vos chamo Nigger, Kike, Towel head, Sand-nigger, Camel
Jockey, Beaner, Gook, or Chink .
Vocês chamam-me racista.
Quando vocês dizem que os Brancos cometem muita violência contra vocês, então porque razão os ghettos são os sítios mais perigosos para se viver?

Vocês têm o United Negro College Fund.
Vocês têm o Martin Luther King Day.
Vocês têm Black History Month.
Vocês têm o Cesar Chavez Day.
Vocês têm o Yom Hashoah.
Vocês têm o Ma'uled Al-Nabi.
Vocês têm o NAACP.
Vocês têm o BET [Black Entertainment Television] (tradução: Televisão de Entretenimento para pretos)
Se nós tivéssemos o WET [White Entertainment Television] seriamos racistas.
Se nós tivéssemos o Dia do Orgulho Branco, vocês chamariam-nos racistas.
Se tivéssemos o mês da História Branca, éramos logo racistas.
Se tivéssemos alguma organização para ajudar apenas Brancos a andarem com a sua vida para frente, éramos logo racistas.
Existem actualmente a Hispanic Chamber of Commerce, a Black Chamber of Commerce e nós apenas temos a Chamber of Commerce.
Quem paga por isto?

Uma mulher Branca não pode ser a Miss Black American, mas qualquer mulher de outra cor pode ser a Miss America.
Se nós tivéssemos bolsas direccionadas apenas para estudantes Brancos, éramos logo chamados de racistas.
Existem por todos os EUA cerca de 60 colégios para Negros. Se nós tivéssemos colégios para Brancos seria considerado um colégio racista. Os pretos têm marchas pela sua raça e pelos seus direitos civis, como a
Million Man March. Se nós fizéssemos uma marcha pela nossa Raça e pelos nossos direitos seriamos logo apelidados de racistas.
Vocês têm orgulho em ser pretos, castanhos, amarelos ou laranja, e não têm medo de o demonstrar publicamente. Mas se nós dissermos que temos 'Orgulho Branco', vocês chamam-nos racistas.


Vocês roubam-nos, fazem-nos carjack, disparam sobre nós. Mas, quando um oficial da policia Branco dispara contra um preto de um gang ou pára um traficante de droga preto que era um fora-da-lei e um perigo para a
sociedade, vocês chamam-no racista.
Eu tenho orgulho.
Mas vocês chamam-me racista.
Porque razão só os Brancos podem ser chamados de racistas?

sábado, 24 de maio de 2008

Encontrei este artigo na net...

"Garoto de 9 anos ouvia estalos e sentia fortes dores. As aranhas eram seus bichos de estimação e tinham sumido há dias.

Jesse Courtney, um garoto americano de 9 anos de idade, foi levado ao médico no Oregon (Estados Unidos) reclamando de fortes dores de ouvido.

O doutor o examinou e, espantado, deu o diagnóstico: duas aranhas estavam morando dentro do ouvido esquerdo do menino. O médico, David Irvine, fez então uma lavagem no local. A primeira aranha foi arrastada para fora, já morta. A segunda saiu viva.

A mãe do menino, Diane Courtney, disse que ele vinha reclamando de estalos no ouvido.

"Eram elas andando no meu tímpano", diverte-se o pequeno Jesse. As aranhas não eram estranhas para Jesse. Ele as ganhou de presente, elas eram praticamente seus bichinhos de estimação. Levava-as para a escola e sua mãe chegou a levá-las para o trabalho.

"Foi interessante, quer dizer, duas aranhas na minha orelha... O que vai acontecer agora?", pergunta Jesse, torcendo para adquirir algum superpoder como o herói do cinema."

Quem recebe aranhas de presente? Como é que elas cabiam dentro da orelha de um puto de 9 anos? Quem é que leva aranhas para o trabalho?

Tantas perguntas para fazer a esta família... Ah! e chapadas para dar também!

Pequenas "fofuras"

Depois de ontem ter sido um fofo e ter deixado dois blogs para as meninas, agora deixo uma lista de coisas "adoráveis" (que recebi por mail) para macho que é macho dizer quando acaba uma relaçao.
1. Não te importas de devolver as prendas que te dei ?
2. É que eu tenho um caso com a tua irmã...
3. É que eu tenho um caso com a tua mãe...
4. É que eu tenho um caso com o teu pai...
5. Sinceramente, meus amigos não vão com a tua cara.
6. Não é nada comigo, é contigo mesmo.
7. Qual é o problema em eu querer alguém mais jovem?
8. Até que demos algumas boas quecas.
9. Após uma plástica tu te sentirás melhor.
10. Longe de mim parecer mesquinho, mas dá para me pagares aqueles 10€?
11. Boa sorte com o bebé.
12. Sei-lá o que pesou. Acho que pequenas coisas como o teu hálito..
13. Você é perfeita demais, prefiro as mais sujas.
14. Só deixe as revistas porno. Vou precisar delas por uns dias.
15. Agora não faz sentido esconder: odeio o seu ronco.
16. Não há dinheiro no mundo que pague uma relação infeliz como a nossa.
17. Por favor, não chore. Você fica ainda mais feia.
18. Pode ficar com as crianças. Aliás elas me irritam.
19. Ódio talvez seja uma palavra forte demais. Digamos que simplesmente não gosto de ti ou eu esteja profundamente entediado.
20. Caso estejas a sentir um tanto sozinha, podes vir preparar-me um jantar de vez em quando.
21. Antes de ir, deixe o telefone daquela sua amiga loira toda boa.
22. Ouça menina. Eu estou tão arrasado quanto tu nessa história. Mas agora eu tenho que encontrar o people. Afinal fui eu quem marcou o happy hour.
23. Sim, existe alguém.
24. Sim, ela é bonita.
25. Sim, ela pimba melhor do que tu.
26. Não, ela não me amola.
27. Ainda hei de encontrar uma boa mãe para os meus filhos.
28. Podes ficar com o Viagra. Não vou mais precisar dele.
29. Vou sentir saudade desse teu bigodinho charmoso.
30. Todos aqueles orgasmos? Eu fingi. (esta nao faz muito sentido dita por homens...)
31. Bem que meus amigos disseram que não ia dar certo.
32. Posso ficar com teu carro durante algum tempo?
33. Porque eu sou gay!
34. Bem, preciso ir. Vou me casar amanhã.
35. Por falar nisso, meu teste do HIV deu positivo.
36. O problema é que nós dois amamos a mesma pessoa: eu.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Blogs femininos

Hoje, como de costume, nao tive muito trabalho, entao andei a passear por vários blogs. Um dos meus novos blogs é o
http://di-coisasdegaja.blogspot.com que é de uma amiga minha de há já vários anos.

Neste blog fala-se de coisas de mulheres, como agradar os homens e de muita culinária. Tudo coisas boas para as meninas todas aprenderem. (Beijinhos DI)

Mas hoje descobri outro blog (graças ao da DI), em que acho que a autora tem algumas parecenças comigo, visto trabalhar fora de Portugal (à espera de encontrar mais dinheiro e mais trabalho naquilo que gosta do que no nosso país), ela trabalha em moda eu trabalho em petróleo, ela trabalha em NY, eu trabalho no meio do deserto, ela trabalha rodeada de mulheres lindas, eu vivo rodeado de homens cavernosos e também tem alguma dificuldade em arranjar uma princesa (no caso dela, um príncipe). Além destas coisas, acho que a escrita dela é um bocado parecida com a minha, por isso se puderem, vao lá dar um salto e depois digam a vossa opiniao (http://perguntasdegajas.blogspot.com).

Entretanto, deixo-vos uma imagem, que vem na conversa dos cozinhados da DI e nos conhecimentos da "vizinha" Filipa.

Telemóvel

Eu, como bom português, tenhos dois "celulares". Um da rede internacional, de cor vermelha, começada por "V" e outro, da rede portuguesa, começado por "T", acabado em "N" e no meio tem "M".
Este último é o meu "preferido" pois já sou cliente desta rede há mais de dez anos e por isso criei alguma relaçao com esta rede, mais que nao seja, pela quantidade de vezes que me ligam os seus "call operators" a perguntarem-me se estou safisfeito, se quero mudar de tarifário e a desejar-me bom dia quando, nos dias de férias em que decido dormir um bocado mais...
Quanto à rede vermelha, passei a usar há 2 ou 3 anos e como estou metade do tempo fora de Portugal, o roaming é importante e esta rede tem de longe melhores preços e melhor sinal que a portuguesa.
Mas nao era destas trivialidade que vos queria falar.
Aqui na sonda, é raro ver alguém de relógio no pulso, visto muitos trabalhos serem manuais e em caso de acidente, o relógio pode só atrapalhar (claro que eu uso sempre relógio, porque pessoa fina e importante como sou, nao vou andar a trabalhar a sujar as maozinhas, está-se mesmo a ver...). Entao, para tapar esse vazio, o que os argelinos fazem? andam com o telemóvel no bolso para verem as horas. Como aqui nao há rede (que estranho, no meio do deserto nao há rede?), o único uso para o tlm durante o dia é como relógio e à noite como despertador.
Entao graças a esta curiosidade, tenho tido a oportunidade de "conhecer" vários tlms dos trabalhadores locais. Nao é que estes animais têm todos um tlm melhor que os meus??! Está bem que os meus custaram 30 euros e 40 euros respectivamente, mas no meio do deserto, estes argelinos conseguem ter um tlm melhor?!?!
Ainda me falta contar-vos 2 dias da minha primeira semana aqui (e um dia vou-vos contar, só nao tenho tido paciência...), por isso ainda nao sabem, mas andei em várias cidades para chegar aqui. E em todas elas, isto parecia o fim do mundo, ruas com areia por todo o lado (que estranho...), nao se via uma loja aberta, uma loja com um ar normal, um restaurante ou mesmo um cafe... Onde é que esta gente compra isto? Deve ser nalguma cidade que ainda nao tive o prazer de conhecer, mas como ainda me faltam mais dois anos a trabalhar aqui, mais tarde ou mais cedo, ainda lá vou parar!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Pornografia

Vocês querem saber como se apanha o chefe a ver pornografia na net?
Quando olham para ele e está há horas a observar com muita atençao o ecran e depois quando passamos perto dele, ele carrega imensas vezes no rato e anda com ele muito depressa. A seguir, quando se olha para o ecran, nem uma janela aberta... Será que ele estava só olhar para o "wallpaper" azul?....
Estranho nao??
Acabei de apanhar aqui o belga a fazer isso mais uma vez... Ele coitadinho já é velhinho, ate já tem direito a essas loucuras!! Desde que nao seja a ver criancinhas como contam dos belgas... :S

Relaxar


Como hoje ninguém trabalha (ou quase ninguém... :( snif snif...), aqui fica uma boa sugestao para estarem entretidos durante o dia. O macaco até sabe umas coisas...

Feriado

Já agora, será que alguém me poderia explicar por que é que hoje é feriado em Portugal? Nao me lembro de outros 22 de Maio serem feriados...

É que nao me dá jeito nenhum que seja feriado, porque ninguem aparece no messenger, já nao bastava aos fins de semana??? Chatos pá!!!

Datas

Hoje é um dia especial por várias razões.

Para começar, hoje tenho toda a minha roupa lavadinha, visto ter mandado as T-shirts para lavar e ter lavado ontem, antes de me deitar, a minha roupa interior.

Hoje faltam 4 dias para ir para Hassi, 5 dias para ir para Madrid e 6 dias para chegar à capital do Mundo.

Hoje faz também 9 anos que a equipa onde jogava râguebi, ganhou a Taça de Portugal. Foi um jogo muito disputado, pelo campeão e pelo vice campeão, mas nós acabámos por ganhar, 15-12. Acabámos todos a noite, em Santos, mais para lá do que para cá, devido a todos os festejos.

Mas mais importante que isso tudo, o meu paizinho hoje faz anos. Não vou dizer quantos é que são, mas posso adiantar com toda a certeza e sem qualquer preconceito que são mais de 45 e menos de 60.

Infelizmente, devido a estas 5 semanas que vou passar fora de casa, perdi os anos da minha avó, os anos do meu avô, o dia da mãe e o aniversário do meu pai. Depois de tantos meses à espera da Repsol, não podia agora armar-me em fino e dizer que agora não me dava jeito nenhum… A conclusão de isto tudo, é que no caminho de volta para Lisboa, vou ter que deixar parte do meu ordenado, para comprar “cenas” para todos no free-shop! Para o meu irmão de 5 anos, a pedido dele, vou ter que comprar chocolatinhos pequeninos… Além da lista de perfumes que a minha mãe pediu para lhe comprar… mulheres… =)

Mas voltando ao meu paizinho e ao râguebi, acho que todos os anos que joguei, o grande responsável por isso foi o meu pai. Embora tenha sido a minha mãezinha a comprar os calções, as chuteiras, a protecção para os dentes ou mesmo a protecção para as orelhas, era o meu pai que me ia buscar aos treinos e era o meu pai que me levava e trazia dos jogos, aos domingos de manha. Muitas horas de sono perdidas, muitas horas no ginásio hipotecadas (sim, porque o meu paizinho frequentava ginásios com muita assiduidade) e muitos litros de gasolina (ainda bem que foi há 9 anos atrás e não agora, por causa do preço a que está o petróleo – LADRÕES! Quem trabalha no petróleo devia ser castigado…uh…ah, não espera…uh… quem está no governo devia ser sodomizado! E só os do Governo!).

Todos os domingos de manha, lá íamos nós para Monsanto (onde era o campo do meu primeiro clube) ou para o Estádio Nacional e passado 2 ou 3 horas, lá voltava ele, pronto para me deixar em casa e servir-me o almoço.

E foi assim durante quatro anos, todos os domingos de manha e três noites por semana nos dias úteis.

Por isso tudo, e por muitas outras coisas mais, de sempre e de agora, muito obrigado.

MUITOS PARABÉNS, daqui a pouco já te ligo!!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Weather

(mais uma fotografia tirada pelo piloto dos avioes, em dia de tempestade de areia)

Todos os dias, tenho o hábito de ir ao "site" da CNN ver as previsoes do tempo em Adrar (a cidade mais perto de onde estou), Madrid e Lisboa.

Vejo o tempo em Adrar por razoes obvias, para ver que estupidez de calor está e se está muito vento por causa dos voos entre cidades (curioso ver como de Adrar até aqui sao cerca de 160kms mas a temperatura aqui está sempre 2 ou 3º mais quente do que na cidade... eu disse que era curioso, nao disse que era positivo!).

Vejo o tempo em Madrid, basicamente por parvoeira e nao ter mais nada para fazer, porque só lá vou passar uma noite a caminho de casa, mas como me parece um meio termo entre África e Portugal e entre Portugal e o resto da Europa, dou lá sempre um salto.
E depois, no fim (guardo sempre a melhor cidade para o fim), vou ver Lisboa. Ponho-me a imaginar que tipo de roupa vocês estao a vestir, se ainda levam os casacos para o trabalho, se levam guarda chuva ou mesmo se arriscam tudo e levam manga curta. Nos últimos tempos tenho ido também para ver a temperatura prevista para quando estiver em casa. Espero sempre que o tempo esteja óptimo, mas pelo que vejo nao vai estar grande coisa. Céu coberto e temperaturas máximas de vinte e poucos graus... E ainda por cima dia 30 vou ao Rock in Rio, vai ser a minha primeiríssima vez e só espero que nao esteja a chover!

Mas a razao porque escrevo este mail, é que hoje, pela primeira vez, reparei que já existe mesmo previsao para o meu primeiro dia completo em Lisboa, ou seja, o dia 29 de Maio já aparece na previsao =) (este é o meu sorriso novo, antes fazia sempre :) mas no outro dia recebi um mail de uma hidromenina que tinha este novo sorriso e achei que estava na altura de mudar...).

Ou seja, os dias de castigo estao a chegar ao fim, estou a uma semana de estar em Madrid e a 8 dias de estar a caminho de casa!! =)

Escusam de abrir já as garrafas, mas pelo sim pelo nao, podem ir já pondo algumas no frigorífico!!!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Queques

Passadas algumas semanas sem estas imagens bonitas e só imagens do deserto, achei por bem voltar a trazer uma ou outra diariamente.

Para quem, como eu, nao vê uma mulher ao vivo há mais de três semanas, fazemos assim, vocês ficam com os queques, que eu fico com o resto!

2000

Hoje durante a noite, este blog atingiu o bonito número de 2000 visitantes.
Sei que é um número ridículo comparado com tantos outros blogs, mas a verdade é que estou contente com esta data, um blog só meu, onde só eu digo asneiras e disparates, já foi visitado mais de 2000 vezes.
E nao pensem que foi a minha mae, porque ela nem tem o endereço e mesmo que tivesse acho que nao conseguiria chegar aqui.
Parabéns ao blog, que nao venham mais 90 kilos, mas mais 2000 e 2000 e 2000 visitas.
Obrigado pelas vossas visitas!!

Roupa interior




Neste momento estão vocês a pensar, por que é que eu fui pôr aqui estas fotografias de o interior de uma barraca desarrumada qualquer… Engano o vosso!

Estas duas fotografias foram tiradas ontem por mim, no meu quarto. Como podem ver na primeira temos o que parecem ser três boxers penduradas e na segunda, além de produtos de limpeza temos talvez três pares de meias. Certo ou errado? Certo!

Nesta altura, estão-se a perguntar por que é que eu tenho a roupa interior pendurada em vez de estar dobradinha dentro de gavetas, como habitualmente tenho estas peças de roupa em casa.

O que se passa é seguinte. Eles aqui na sonda, depois de anos e anos a lavaram a roupa a todas as pessoas (não se esqueçam que diariamente somos cerca de 220 pessoas a pôr roupa para lavar), após inúmeras queixas sobre o misterioso desaparecimento de um elemento de qualquer par de meias (ou peúgas) ou mesmo o desaparecimento de uma bonita cueca, decidiram que cada um tem que lavar a sua própria roupa interior. Sim senhor, T-shirts tudo bem, camisolas venham elas, fatos de macacos quantos são?, ou mesmo aquela calcinha mais sujita, sem problemas, agora, meias e cuecas? Nada disso, cada uma a lava-las e é se as quiserem lavar, se preferirem andar sempre com as mesmas, mais cheiro menos cheiro, por eles está tudo bem.

Então para promoverem este espírito, quando chegamos aos quartos, temos uma toalha grande de banho para o corpo e outra mais pequena para a cara e para as mãos (eu, pessoalmente, uso a grande para o pirilau e a pequena para o resto, mas isso sou eu…. Ou então não…), temos também um sabonete com cheiro a flores silvestres (bastante abundantes no sítio onde me encontro, obviamente) e duas pequenas embalagens de limpeza de roupa, sendo elas, uma garrafa amarela que não sei para o que serve visto só ter instruções em argelino (mas desconfio que seja lixívia ou algo da família) e um saco com um pó branco, que deduzi que seja detergente.

Ora eu trouxe de casa, 6 pares de meias e 6 boxers… Estranhamente, acho que pelo caminho perdi umas boxers, mas como só escolho as rascas para trazer, não fico muito triste. Restam-me então 5 boxers, mas há coisa de semana e meia, num movimento mais ousado para apanhar qualquer coisa estúpida que me caiu no chão, umas das boxers rompeu-se irremediavelmente. Ainda pensei pedir ao meu namorado argelino para me coser, para prefiro desfrutar do tempo que passo com ele, a olhar para as dunas e atirar o sabonete para o chão (atiramos à vez claro, isto tem que ser uma democracia). Ou seja, fico com 4 boxers para usar, uma para usar agora e as outras três estão, como a fotografia indica, neste preciso momento a secarem no quarto ao sabor da aragem do A/C.

Quanto a meias, também algo de estranho me está a suceder. Dos seis pares, dois eram pares normais, como as que uso num dia normal em Lisboa, umas eram do mais rasca possível e os restantes três pares são de desporto (mas nenhuma delas é branca nem tem raquetes!). Ora as rascas e como o nome diz, não são de grande qualidade, sem grande surpresa minha, ficaram com um buraco no dedo grande do pé. Visto serem meias que estavam quase a fazer 4 anos, dei por terminado a função delas e pu-las a dormir dentro do caixote de lixo. Mas o pior estava para vir, de repente, todas as minhas meias de desporto (as três que estão na fotografia) decidiram desenvolver um buraco no dedo grande. Resultado, todos os dias tenho a janela aberta dentro das botas. E o q fazer? Não me apetece usar as meias normais para estar aqui a trabalhar, ainda por cima andar a lava-las no lavatório, mas também não posso deitar todas as meias fora, porque senão fico só com dois pares para ir rodando estes dias todos. Conclusão: arrumei as normais na gaveta e ando só com as rotas. Espero que a minha mãezinha e a minha avozinha nunca venham a saber disto, para elas seria uma desonra, o seu menino querido andar ao pé de gente estranha com as meias rotas. Já me dizia a L, que nunca se deve andar com roupa interior porque se um dia tenho um acidente, a vergonha que é no hospital eles estarem a despir-me e estar todo roto por dentro.

E então, de três em três dias, lá tenho eu que depois de tomar banho ao fim do dia, estar no lavatório a lavar a minha roupa interior, como boa dona de casa, muito aplicada.


Já agora, passado o assunto roupa interior, ao tirar as fotografias, fiz questão de apanhar com a máquina a embalagem de diz “Vénus”… à primeira vista, e como as vossas cabecinhas são sujas, devem estar a pensar que se trata de algum creme sensual para fazer “o amor”. Nada disso. O que se passa é que, pessoa inteligente que sou, ao sair do hotel em Madrid às quatro da manha para apanhar o avião para a Argélia, deixei no WC um shampoo novinho, só com 3 utilizações. Quando cheguei aqui à sonda, pedi ao francês que costuma ir à cidade, para me comprar uma embalagem de uma marca qualquer, desde que desse para lavar o cabelo.

Ele trouxe-me esta, “Vénus”, não sei se quer dizer qualquer coisa, se é um sinal para uma qualquer aventura romântica luso-francesa, mas ele já deve ter percebido que eu sou muito fiel ao meu namorado argelino. Gostava ainda de referir que o shampoo custou 40 cêntimos (!!!) e que é shampoo e amaciador, não é um produto qualquer!!

domingo, 18 de maio de 2008

Ir de patins e voltar de skate

Faz hoje 9 anos, que a minha primeira namorada a sério me pôs os patins…

Foi a segunda vez que ela fez isso, a primeira tinha sido quase um ano antes, depois de andarmos 13 meses e esta segunda vez, foi depois de andarmos cerca de 4 meses.

Pensei que o meu mundo ia acabar, tal como um normal adolescente, um coração partido não é uma coisa fácil de digerir, quando ainda por cima temos que aturar os pais a falar sobre estudar para entrar na faculdade, quando queremos tirar a carta de condução o mais depressão possível e ao mesmo tempo fazemos desporto federado e queremos ser campeões e as coisas nem sempre corriam da melhor maneira.

Na altura, uma amiga minha, que passados alguns meses passou a ser minha namorada, disse-me no meio de Santos, que se tinha tido duas oportunidades e a coisa não tinha resultado, então era porque não tinha que resultar e devia ficar contente por ter tido a segunda oportunidade para ter a certeza. Claro que isso para mim não fazia sentido nenhum…

Nem sei se agora me faz sentido, mas pronto. A única coisa boa foi perceber que eu e a minha ex tínhamos pouquíssimo em comum, dávamos uns beijos bons, éramos queridos um para o outro mas era só isso. Amigos em comum já quase não tínhamos, ela era de artes e eu de ciências, eu morava no esquerdo e ela no direito, ela queria casar e eu não, ela era católica e eu não, eu jogava um desporto com bola e ela fazia ginástica, eu tinha um citroen ZX e ela um citroen AX… Eram coisas a mais.

Agora se a encontro por acaso, damos dois beijinhos, “olá, estás boa? Beijinhos”…

E eu que pensava que ia ficar com ela para toda a vida, ela agora é casada e isso para mim é completamente indiferente.

As relações vêm e vão, temos que desfrutar delas enquanto existem e enquanto fazem sentido. Depois quando tudo acaba e não temos já outra paixão a bater à porta, os dias sozinhos custam a passar, mas vamos ter com os amigos, dizemos umas parvoeiras e pronto, as coisas passam, outras namoradas virão, outras paixões, umas mais fortes e outras mais fracas, mas tudo vem e passado algum tempo tudo vai. Temos que saber viver assim e com isso.

Eu defendo que cada um de nós não tem só uma pessoa especial, não existe “a” pessoa. Existem várias pessoas especiais ao longo da nossa vida e ao mesmo tempo que estamos com uma namorada de quem gostamos, conhecemos outras pessoas que também poderiam ser especiais mas como estamos bem acompanhados fazemos a opção de ficar com a actual porque na altura somos felizes ou escolhemos arriscar tudo…



Acho que me não me explico muito bem em relação a isto, mas o que sinto é que há várias pessoas especiais para cada um de nós, agora cabe-nos a nós encontra-las e não ficar metido em casa, mas atenção, porque andar à procura persistentemente também afugenta “a caça”, basta manterem os olhos abertos, e enquanto isso, aproveitem os amigos, o verão, os fins de semana, a cerveja, a praia e curtam muito!

sábado, 17 de maio de 2008

Contagem decrescente


Finalmente já passaram dias suficientes para começar a fazer a contagem decrescente.
Saí de Lisboa há 26 dias, o que quer dizer que só me faltam mais 10 dias de deserto e 1 dia em Madrid, para voltar para a melhor cidade do Mundo!
Deixo-vos com uma fotografia tirada por um dos pilotos dos avioes que nos transportam entre Hassi e as sondas.
P.S: E a barba continua a crescer! Impressionante!!!

Piadex

Ontem, mais uma vez, consegui brilhar com o meu fluente francês.

Mas comecemos do princípio… Há muitos anos atrás (sim, eu já sou uma pessoa com alguma idade), fui a casa de uns primos meus, que na altura tinham instalado uma piscina no jardim das traseiras. A piscina era redonda e tinha talvez uns 4 a 5 metros de diâmetro. Tinha umas escadinhas para entrar, visto ter de altura talvez metro e meio, e nessas escadinhas tinha o seguinte aviso:

“Do not dive / Ne pas plonge”

Ora, como até nem sou burro e na altura já sabia falar inglês, se a primeira frase queria dizer “Não mergulhar” e se a segunda era em francês, devia querer dizer a mesma coisa. A partir desse dia, fiquei feliz e contente da vida por saber mais um bonito termo em francês.

Passado um ou dois verões, conheci a já falada namorada que vivia no Luxemburgo. Ela como falava várias línguas, entre as quais o francês, decidi brilhar uma bonita tarde de verão, e quando estávamos na praia em plena corte pré-namoro, eu digo-lhe com a minha voz mais sedutora….

“Ne pas plonje….”

Ela olha para mim, com ar de quem está tão apaixonada que até vai fingir que eu não acabei de fazer figura de urso e diz-me:

“Não é plonje, é plongê”

Eu calei-me e desisti de brilhar no mundo das línguas ao pé dela, embora tenha fixado para todo o sempre, que é PLONGÊ e não plonje…


Voltando ao dia de ontem. Estava com um canadiano a acompanhar um teste de pressão que acontece sempre no camião da empresa dele. O camião tem na parte da frente as bombas e os comandos e na parte de trás, dois tanques cheios de água, com a qual se fazem os testes de pressão. Enquanto estávamos à espera que os burros dos argelinos percebessem onde tinham uma fuga, o canadiano (o Tao mas deve-se dizer Teo, porque o nome é de origem holandesa), ao ver que tinha a coberta do camião a rasgar-se, decidiu pedir ao seu ajudante argelino para a coberta.

O argelino, que por acaso de pele, mais parece angolano que argelino, lá subiu para cima dos tanques e sem qualquer tipo de protecção, começou a tentar cozer a coberta. Ora este vosso amigo, em mais uma humilde tentativa de brilhar com o seu francês, resolve disparar para o ar:

“Ne pas plonge!”

Não é que o preto, que só fala árabe e francês, percebeu (finalmente alguém percebe o meu francês!!) o que quis dizer e começou a rir às gargalhadas… Felizmente não caiu dentro dos tanques mas lá continuou a rir às gargalhadas e eu todo contente por ter dito a minha primeira piada em francês. O Tao, que vive em Vancouver, onde só se fala inglês, não percebeu a piada em francês, mas quando lhe disse em inglês, também achou piada e riu-se.

Estive para explodir por dentro de contentamento!! Pela primeira vez na vida, fiz uma piada multi-linguistica e até teve alguma aceitação.

Sei que ainda me falta muito no francês, mas já me ensinaram a dizer computador em francês e agora até já digo piadas… Ninguém me pára!!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Barbona

Desde sempre que ouvi piadinhas sobre a minha falta de barba…

“Ah e tal, aquele fulano, não sei o quê, e diz que não tem barba…”

“Chamas a isso barba?!?”

Piadinhas destas estou já farto de as ouvir e por isso este post vem para calar todas essas bocas mazinhas.

Visto estar onde estou e todos à minha volta serem ainda mais feios que eu (imaginem só como é que isso é possível….), juntando-se a isso tudo o facto de eu detestar fazer a barba, há já uns largos dias que não encosto qualquer tipo de lâmina à minha bonita carinha.

Como tal, decidi tirar uma fotografia e calar o mundo de uma vez por todas em relação à minha potente barba.

Aqui segue a fotografia, é de ficar admirado com tamanha pilosidade, não é?

terça-feira, 13 de maio de 2008

Miguel Sousa Tavares

Nao ando com grande paciência para escrever aventuras (embora ainda me faltem escrever algumas). Ao "folhear" as páginas do Expresso na net, encontrei este texto de Miguel Sousa Tavares, publicado ontem no site (ou sítio) do Expresso.
Acho que ele é uma das personagens de nossa vida política e que a sua opiniao deve ser pelo menos ouvida (ou neste caso, lida). O texto é longo mas já somos todos crescidinhos e afinal de contas, este país é de todos nós, mesmo dos que estao longe na Argélia.
"
Por favor, não governem mais!

Alguém que eu muito amei e que aprendi a admirar ao longo da vida dizia que não há nada mais perigoso do que políticos sem ideias mas cheios de iniciativas. Cada vez mais me convenço de que é uma grande verdade, confirmada dia a dia pela observação da vida política portuguesa: não há nada mais assustador do que os decisores desatarem a tomar decisões que ninguém lhes pediu e cuja necessidade ninguém sente. Apenas porque acham que assim estão a mostrar serviço.

Alguém sente necessidade de um acordo ortográfico, de matar as consoantes mudas (excepto as que os brasileiros usam)? Alguém o reclamou, tirando os 'especialistas' da língua da Academia das Ciências que, de outro modo, não teriam maneira de justificar a sua importância e as viagens de estudo que fazem ao Brasil e aos PALOP? Quem, de entre os que fazem da língua portuguesa a sua ferramenta diária de trabalho - escritores, editores, professores, jornalistas - pediu a normalização ortográfica com o Brasil, Timor ou a Guiné-Bissau? Porque hão-de então os 'sábios' impor-nos a sua vontade e a sua "expertise" - a língua não é nossa?

E quem sentiu a necessidade urgente de mais auto-estradas a rasgar todo o interior já deserto, de um novo aeroporto para Lisboa, de um TGV de Lisboa para Madrid, outro do Porto para Vigo e de uma nova ponte sobre o Tejo para o servir? Quem foi que andou a gritar "gastem-me o dinheiro dos meus impostos a fazer auto-estradas, pontes, aeroportos e comboios de que não precisamos"? Porque razão, então, o lóbi das obras públicas, os engenheiros, projectistas, banqueiros e advogados que os assessoram, mais a ilusão keynesiana do primeiro-ministro, nos hão-de impingir o que não pedimos?

Fomos nós, porventura - ou os autarcas, os especuladores imobiliários e os empresários do turismo - que reclamámos a legislação de excepção dos Projectos PIN para dar cabo da costa alentejana e do que resta do Algarve? Foi nossa a decisão que a Comissão Europeia classificou como uma batota para contornar as normas de protecção ambiental e ordenamento do território?
Fomos nós que reclamámos a privatização da electricidade para depois a pagarmos muito mais cara ou que, inversamente, protegemos até ao limite o monopólio da PT nos telefones fixos, em troca de termos o pior e o mais caro serviço telefónico da Europa?

Fomos nós que nos revoltámos contra o queijo da Serra feito em mesas de mármore, a galinha de cabidela ou o medronho da Serra de Monchique? É em nome da nossa vontade e da nossa cultura que o "ayatollah" Nunes e a sua ASAE aterrorizam e enfurecem meio país?

Fomos nós que estabelecemos uma sociedade policial contra os fumadores, que quisemos encher Lisboa de radares para controlar velocidades impossíveis e ajudar a fazer da caça à multa o objectivo principal da prevenção rodoviária?

Fomos nós que concordámos em que os agricultores fossem pagos para não produzir, os pescadores para não pescar, as empresas para fazer cursos de formação fantasmas ou inúteis, alguns escritores para terem 'bolsas de criação literária' para escrever livros que ninguém lê, os privados para gerir hospitais públicos com o dobro dos custos?

Fomos nós que aceitámos pagar por caças para a Força Aérea que caem todos sem nunca entrar em combate, helicópteros que não voam por falta de sobressalentes, submarinos que não servem para nada, carros de combate que avariam ao atravessar uma poça de água?

Fomos nós que decretámos que o Euro-2004 era "um desígnio nacional" e, para tal, desatámos a construir estádios habitados por moscas, onde jogam clubes que vegetam na segunda divisão ou se aguentam na primeira sem pagar aos jogadores, ao fisco e à Segurança Social? E é a nossa vontade colectiva que anda a animar uns espíritos inspirados que já por aí andam a reclamar um Mundial de Futebol ou mesmo uns Jogos Olímpicos?

Ah, e a regionalização, essa eterna bandeira de almas ingénuas ou melífluas, que confundem descentralização com jardinização? Esse último disparate nacional que falta fazer e com o qual nos ameaçam ciclicamente com o argumento de que está na Constituição, embora nós já tenhamos respondido, clara e amplamente, que dispensamos a experiência, muito obrigado?

Será que não se pode acalmar um bocadinho os nossos esforçados governantes? Pedir-lhes que parem com os "projectos estruturantes", os "desígnios nacionais", os "surtos de desenvolvimento", os PIN, os aeroportos, pontes e auto-estradas, que deixem de se preocupar tanto com o que comemos, o que fumamos, o que fazemos em privado e o que temos de fazer em público? Eu hoje já só suspiro por um governo que me prometa ocupar-se do essencial e prescindir do grandioso: um governo que prometa apenas tentar que os hospitais públicos funcionem em condições dignas e que não haja filas de espera de meses ou anos para operações urgentes, que os professores e alunos vão à escola e uns ensinem e outros aprendam, que os tribunais estejam ao serviço das pessoas e da sua legítima esperança na justiça e não ao serviço dos magistrados ou dos advogados, que as estradas não tenham buracos nem a sinalização errada, que as cidades sejam habitáveis, que a burocracia estatal não sirva para nos fazer desesperar todos os dias. Um governo que me sossegue quanto ao essencial, que jure que não haverá leis de excepção nem invocados "interesses nacionais" que atentem contra o nosso património: a língua, a paisagem, os recursos naturais.

Mas não há dia que passe que não veja o eng.º Sócrates a inaugurar ou a lançar a primeira pedra de qualquer coisa. E encolho-me de terror perante esta saraivada de pedras, que ora ajuda a roubar mais frente de rio a Lisboa, ora entrega mais uma praia a um empreendimento turístico absolutamente necessário para o "desenvolvimento", ora lança mais uma obra pública inútil e faraónica destinada a aliviar-me ainda mais do meu dinheiro para o dar a quem não precisa. Vivo no terror dos sonhos, dos projectos, das iniciativas de governantes, autarcas e sábios de várias especialidades. Apetece dizer: "Parem lá um pouco, ao menos para pensar no que andam a fazer!"

Além de mais, já não percebo muito bem o que justifica tanto frenesim. Já temos tudo o que são vias de transporte concessionado para as próximas gerações: auto-estradas, pontes, portos, aeroportos (só falta o comboio, mas os privados não são parvos, vejam lá se eles querem ficar com o negócio prometidamente ruinoso do TGV!). Já temos tudo o que é essencial privatizado (só falta a água e palpita-me que não tarda aí mais esse 'imperativo nacional'). É verdade que ainda faltam alguns Parques Naturais, Redes Natura e REN por urbanizar, mas é por falta de clientes, não por falta de vontade de quem governa. Já faltou mais para chegarmos ao ponto em que os governos já não terão mais nada para distribuir. Talvez então se queiram ocupar dos hospitais, das escolas, dos tribunais. Valha-nos essa esperança.
"
Miguel Sousa Tavares, in Expresso.pt 12/05/2008

sábado, 10 de maio de 2008

Piscina e jantar em Hassi

Bem, vou voltar então a Hassi.

Horas de almoçar. O almoço correu bem, a comida era dentro do normal, tipo buffet. Comemos e fomos fazer um bocado tempo para a esplanada. Já eram quase 14h e por isso fomos outra vez falar com o chefe. Ficámos a saber que íamos no dia seguinte, cada um para a sua sonda. Partiríamos às 7 da manha… (Porra para o mundo do petróleo, os dias começam cedo demais!!). O Jaime disse que para irmos dar uma volta e voltarmos às 17 porque ainda precisava de mais não sei o quê… Eles parecem andar sempre inundados de papeladas e dúvidas! Entretanto arranjei um quarto SÓ para mim, pertíssimo da piscina e do restaurante! Óptimo (pensava eu…).

O quarto era normal, talvez com melhor aspecto que os do João e do Faísca, mas tinha as tomadas da electricidade britânicas e o meu adaptador ficou em casa a descansar e por isso não dava para ligar o portátil, nem sequer a TV que o quarto tinha… Vesti os calções e piscina comigo!!

Quando cheguei à piscina, lá estavam as duas senhoras do costume. Posei as minhas coisas numa cadeira, tomei o habitual duche e mergulhei… A água estava mais fria que parecia e no fundo estava cheia de areia muito fina, que o vento insiste a levar para dentro de água. Quando pus a cabecinha fora de água, apercebi-me que o vento que estava a soprar era frio demais e lá de fora, ao Sol. não parecia tão frescote… Não interessa, pensei, vou ficar todo dentro de água e pôr os pauzinhos ao Sol para ver se ganho uma corzinha. Ali fiquei um bocado, dentro de água, virado para o Sol, a pensar na vida e na grande mudança que me estava a acontecer.

Passado alguns minutos, chega o Faísca e o Sonik cheios de moral para darem grandes mergulhos, mas começa-se a levantar um vento estranho e quando eu disse que não estava assim tão agradável a temperatura depois de me molhar, decidiram ficar só pela passagem pelo chuveiro da piscina.

Enquanto estávamos nesta de vai, não vai, para entrar na água, reparamos que as duas mulheres que também estavam na piscina, não paravam de olhar para nós… Humildes e modestos como somos, a primeira hipótese que se põe, é que estão doidinhas para meter o dente em carne fresca! Só isso fazia sentido, todas as outras explicações eram complicadas demais. Confesso que houve uma altura ou outra que ainda pensei que elas fossem dizer que a água estava com algum problema ou que aquela areia era nociva para a pele, mas como isso era muito rebuscado, o simples e normal seria que elas estivessem doidas com três tugas com um palminho de cara bastante atraente.

Ainda estou dentro de água quando elas começam a meter conversa com os outros dois meninos. Aí pensei logo, pronto, sou o elo mais fraco, os pares estão feitos, vou ficar a chuchar no dedo… Elas começam a apontar para um dos cantos da piscina… Será que era ali que os queriam possuir?

Nessa altura tudo fez sentido, as cordiais senhoras apenas estavam a dizer que as toalhas da piscina estavam guardadas numa caixa ali ao fundo e que nós podíamos ir lá buscar. Lá fomos os três buscar as toalhas azuis, no meio de muitos agradecimentos e com as ideias de grande festarola com umas mulheres bem maduras a esvanecerem-se nas nossas cabecinhas.

Ali ficámos, deitados nas espreguiçadeiras ao sol, embora rapidamente tenhamos sentido a intensidade do sol africano, e a opção sensata seja ficar sempre à sombrinha. Enquanto descansávamos de este dia puxadíssimo (não esquecer que acordámos em Madrid às 4 da manha), o Faísca tirava fotografias a tudo o que via e eu tentava passar pelas brasas, porque já sou uma pessoa com alguma idade e tenho que fazer a siesta…

À hora combinada lá saímos da piscina, fomos aos quartos trocar de roupa (eu aproveitei para tomar banho porque aquela água não me inspirou grande confiança e lá fomos outra vez para os escritório. Mais uma vez, bla bla bla, bla bla bla e pronto, teríamos que estar às 7 da manha, à porta do escritório para irmos de autocarro para o aeroporto e depois, cada um para a sua sonda. A quebra do Tuga’s drilling team estava iminente.

Fizemos tempo até ao jantar, nem sei bem a fazer o quê, e lá nos dirigimos para o restaurante. Para grande espanto nosso, ao contrário do que tinha acontecido à hora do almoço, onde as mesas estavam todas sem toalhas nem mariquices, dando um ar bastante informal à refeição, agora ao jantar os empregados estavam vestidos a rigor, as mesas pareciam prontas para um casamento e no meio da esplanada estava uma mesa de misturas à espera de um DJ.



O jantar era mais uma vez buffet, mas cheio de requintes e paneleirices impróprias para quem está no meio do deserto. Pensar que a algumas centenas de metros, tudo à volta é só areia, não há pingo de água, vegetação inexistente ou moribunda, e ali, tínhamos uma piscina enorme, empregados a servir à mesa, jardins a rodearem a esplanada com um verde super saudável e dezenas e dezenas de estrangeiros, sentados a comer à mesa, na maior das seguranças e completamente alheios ao que se passava do outro lado dos muros.

Jantámos e enquanto o Faísca bebia o seu café habitual, fomos para uma mesa mais exterior apreciar a noite. No centro de tudo, o DJ estava a passar música recente misturada com alguma música clássica, o que às vezes até doía quando trocava de música, visto as transições não serem nada suaves.

Ali ficámos até perto das 22, hora a que decidimos recolher aos quartos para ver se dormíamos. Ora este vosso amigo, como ficou com o quarto a uns 50m da esplanada, deitou-se na cama e ficou com a música vinda lá de fora a martelar-lhe nos ouvidos e o pior de tudo, é que a música tinha passado a exclusivamente argelina e o volume parecia ser cada vez maior…

À meia-noite, o pobre rapaz lá desistiu de pôr mais música e ainda consegui dormir umas 5 horinhas…

Curandeiro

Mail enviado pela maezinha, que decidi partilhar com todos...

Há homens que valem a pena e ainda se queixam as mulheres que os bons já estao todos ocupados!


Em relaçao ao número 7, gosto muito do apontamento "dentro do seu lar"... E se trouxerem os amantes para dentro de casa? Será que a "cura" também funciona?

Abandonado

É sempre a mesma coisa! Nas manhas do fim de semana, nao há uma única alminha no messenger....
Que mania de serem egoístas e em vez de me fazerem companhia no msn, ficam na cama a ressonar!
Já sao umas horas perfeitamente normais para se acordar e ligar o computador...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Campo no deserto

Aqui está a fotografia, tirada do avião, do meu campo de trabalho.

Andei a brincar no programa “Paint” e marquei as zonas de maior interesse. Espero que achem piada e fiquem com uma ideia do sítio onde ando a passear há quase duas semanas.
Aqui está a fotografia, tirada do avião, do meu campo de trabalho.

Animais

Alguns de vocês não me conhecem pessoalmente ou outros não me conhecem assim muito a fundo, por isso vou partilhar convosco um dos meus muitos defeitos.

Existem dois animais com que tenho uma relação muito especial. O primeiro, mete-me muito respeito e espero nunca ter que medir forças com ele. O segundo, quero que ele esteja o mais longe possível, porque é um bicho que detesto de todas as maneiras possíveis e por mim seriam completamente extintos da Terra.

O do respeito é o tubarão. Gostava de um dia meter-me naquelas jaulas e dar de comer aos tubarões, acho que são estupidamente perigosos e são capazes de nos desfazer em segundos e por isso sinto um interesse e uma atracção por eles um bocado estranho. Já ouvi dizer que, homem que é homem só vê documentários sobre um tipo de animais e eles são os tubarões!

O outro animal são as aranhas, detesto-as! Todas! As pequenas, as grandes, as pretas, as verdes, as felpudas, as gordas, as esticadinhas, as venenosas, as de plástico e principalmente, as que estão vivas! Quando era pequeno, vivi nos Açores e em Barcelos, e sendo sítios que parecem nada ter em comum, são sítios onde a quantidade de aranhas é maior do que se pensa. Já vi aranhas enormes a saírem do ralo da banheira, aranhas nas sanitas, aranhas atrás do meu roupão no quarto, aranhas a saírem da dispensa, aranhas nas costas de pessoas a entrarem em minha casa e o meu último caso com elas, foi quando andava a pintar a minha actual casa e uma delas decidiu andar lá a passear pela sala de jantar. Felizmente, no mesmo instante que estou a sair de casa aos berros, em completo pânico, uma princesa chegou e que nem homem a sério, matou-a e salvou-me de todo o perigo.

E toda esta conversa porquê?

Porque há dois dias atrás, o Sr. Faísca, mandou-me um mail com a seguinte fotografia.


Como se pode ver, é uma bonita cobra, não muito grande porque podemos usar como escala o isqueiro que está lá atrás e vê-se que o animal não é nenhum bisonte, e que foi fotografada na sonda onde ele trabalha. Já me disseram que era uma víbora e que mais não sei o quê, coisas que não me interessam. Para mim, tanto me faz o nome da bicha nem qual é a sua época de acasalamento, só queria saber se era perigosa ou não. Fui falar com o chefe dos chefes aqui, e ele garantiu-me que os médicos, que estão aqui de serviço 24h por dia, têm os antídotos para qualquer tipo de mordedura. Eu aceitei a resposta e a conversa ficou por aí, sim senhor são venenosas, mas há o antídoto, o médico está a 100m por isso não me vou preocupar.

Ora no dia seguinte, ao mostrar a fotografia a várias pessoas que trabalham aqui comigo, um dos franceses (é verdade, eles estão em todo o lado, com a sua mania de falarem quase inglês…) ficou todo contente ao ver a cobra e disse que desde pequeno que fazia criação de cobras, tarântulas e bichos simpáticos desses… medo… Ele fez ainda o favor de contar que este tipo de cobra é venenoso e que há antídotos para as suas mordeduras, mas cada cobra tem um veneno diferente, há pequenas variações entre cada animal o que faz com que a maioria dos antídotos não sirva de nada. OK, respirei fundo e pensei “Além de ser francês, ainda me diz uma coisa destas….”

Mas a história não fica por aqui.

A ouvir a conversa, estava um holandês, que foi ontem embora para casa, que dorme no quarto em frente ao meu, e o senhor conta a seguinte história:

“Ah e tal, ontem quando estava a chegar ao meu quarto à noite, já estava a ficar escuro e ao subir as escadas passa por mim, muito depressa, uma aranha bastante grande a fugir de mim….”

……

……

Medo e pânico! Muito pânico….

Recapitulando, além de umas deliciosas cobras andarem a ser avistadas ao pé dos sítios onde andamos a trabalhar, este agora vem contar-me que à entrada para o meu quarto andam a acontecer verdadeiras corridas de aranhas, aranhas estas que parece que até os dentinhos têm cá para fora (acho que o termo correcto é quelíceras). Bonito…

O francês, ao ver o meu ar de pânico, ainda tentou dizer que este tipo de aranhas não eram perigosas (ya, vou mesmo acreditar nisso, as aranhas conseguem sobreviver no deserto porque quando encontram uma presa, sacam do relógio e conseguem hipnotizá-las e depois, tranquilamente, comem a sua refeição), mordiam mas só fazíamos uma pequena alergia.

Desde esse dia, ando sempre a olhar para o chão, a ver onde ponho os pezinhos, fecho logo a porta do meu quarto, não levanto nada do chão quando estou cá fora e deitar-me na areia a contemplar o bonito pôr do sol, guardo para quando estiver na Costa da Caparica daqui a três semanas…

Curiosamente, desde esse dia, que as minhas noites nunca mais foram a mesma coisa… Porque será?

Eu não tenho stresses com cobras, são animais dos quais não sinto grande receio, mas aranhas? Acho que se visse uma do tamanho da minha mão a correr, o veneno nem era importante, a síncope cardíaca iria ser tão grave que nem valia a pena ir chamar o médico.


P.S: Claro que não vou contar nada destas coisas à minha mãezinha nem à minha avozinha, para quê serem elas a terem o ataque cardíaco, se sou eu que ando por aqui… Há certas mentiras que não podemos evitar.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Photo Report Hassi

A fotografia nao está perfeita mas dá para perceber o "cenário" da piscina na base...


Quem me dera que aqui também houvesse uma!

Na fotografia de baixo, pode-se ver a esplanada onde se janta, com DJ no meio, empregados a servirem à mesa, comida de borla, temperatura perfeita e um ambiente muito descontraído.

Obrigado Xispas por estas fotografias!

Photo Report

Agora ñ me está a apetecer escrever, por isso, aqui ficam, com alguns dias de atraso, as fotografias do meu quarto em Madrid. É neste hotel que ficamos sempre quando passamos por Madrid



É uma cama deste tamanho que quero ter na minha futura casa nova...

E uma casa de banho com um estilo tao moderno!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Dúvidas correntes

Tal como a DI perguntou no meu penúltimo post, muitas pessoas fazem-me (e vao continuar a fazer) as mesmas perguntas, por isso vou já responder aqui a muitas e assim poupa-se tempo e latim.
Aqui no meio do deserto, as mulheres sao muito raras nas sondas. Muito de vez em quando há uma ou outra, mas vem só para fazer uma coisa específica (e ñ é essa ordinarice que vocês estao a pensar) e depois volta para a base.
Nós aqui somos cerca de 220 pessoas, em que cerca de ZERO% sao mulheres.
Quando estive nas plataformas, tanto em Angola como na Escócia, havia uma ou outra mulher, e às vezes havia mesmo 4 ou 5. Depende do sítio mas acho que cada vez há mais, e ainda bem para todos!
Aqui no deserto estamos todos em quartos individuais, em que se partilha a WC com o vizinho do lado. Dormimos numa espécie de contentores, com ar condicionado, cama individual, pequena secretária, um maple e um lavatório.
A comida é razoável, estava à espera de bem pior. Estamos a cerca de 3h de aviao desde a base (a já famosa base de Hassi Messaoud), onde só vamos de passagem por uma noite, na chegada e na ida.
Das 220 pessoas, 45 sao militares que estao aqui para o caso de alguma coisa correr mal, eles poderem defender-nos (eles nao fazem nada durante o dia e ao fim da tarde ainda jogam à bola) e ainda fazem escoltas aos estrangeiros quando o vento é demasiado para se poder voar.
Dos 175 que faltam, 30 sao seguranças, que passam o dia em torres de vigia, a verem se alguem tenta entrar no nosso campo sem autorizaçao. Andam sempre com metralhadora às costas para o que der e vier.
Os outros 145 sao pessoas que estao aqui para trabalhar e morrerem de calor.
Tenho internet 24h por dia e telefone sempre que quiser, luxo que até aqui nunca tinha tido e o qual me ajuda a passar as horas, porque a internet é um mundo, como vocês sabem (só nao vejo sites pornos porque acho que isso só iria ajudar à minha frustraçao em estar aqui...).
Por agora ñ me lembro de nada mais para vos ajudar. Se quiserem saber mais qualquer coisa em especial, aqui está este vosso humilde escravo.
Só faltam 23 dias para voltar para Lisboa!!

Base de Hassi - Primeiro reconhecimento

Vamos voltar então à Base da Repsol em Hassi Messaoud.

Como o João e o Faísca já tinham as chaves dos quartos deles, fomos pousar lá as coisas deles e os meus computadores, para as coisas não ficarem para ali atiradas no chão ao pé das escadas. Os quartos são todos, ou quase todos, individuais, com WC também individual. Não tinham grande aspecto mas estavam quase limpos, não tinham toalhas mas tinham TV e água corrente.

Depois de eles estarem instalados, fomos então à procura do restaurante para almoçarmos. Subimos uma das ruas que ainda não tínhamos explorado a pé, na esperança que fosse por ali…. E não é que era mesmo?

Ao subirmos a rua, vimos do lado esquerdo a piscina, talvez com uns 15m por 4m e do lado direito uma grande esplanada. Na piscina, havia duas partes, uma menos funda, para dar umas braçadas e talvez mesmo, fazer o amor numa noite de loucura, e uma outra parte, com três metros e tal de profundidade para dar mergulhos da prancha que lá estava instalada! Como podem ver, grandes instalações!

Na piscina estavam duas senhoras com cerca de 50 anos, a apanharem sol de bikini e com ar de que não fazem nada na vida. A minha opinião, é que são casadas com algum boss da base e são autorizadas a viver lá de vez em quando, para não terem saudades dos maridinhos (eu acho que elas só lá vão para apanhar sol, porque de resto, devem preferir estar sozinhas em casa, a gastar o $ dos maridos e a trocar de amantes trintões de 15 em 15 dias…).

A esplanada do lado direito, soubemos depois, estava ainda fechada, a inauguração vai ser daqui a umas semanas.

Ainda parvos a olhar para a piscina, ouvimos uma musiquinha e decidimos ir investigar porque eram quase horas de almoçar e como não tínhamos os calções de banho vestidos e as senhoras eram capazes de serem sensíveis a três pilinhas de fora, guardámos as nossas “partes” para nós mesmo.

Passámos ao lado da piscina, ainda espantados com a qualidade de vida, descendo por umas escadas. Não havia indicação de nada de restaurante, embora houvesse uma seta que apontava para a esquerda e que dizia “GYM”… Na… Está calor de mais para ir fazer qualquer tipo de exercício. Andamos mais um pouco e vemos mais outra mulher, acima da média, a dirigir-se na nossa direcção. Limpámos a garganta, pusemos a nossa voz mais sexy e perguntámos:

“Que flor mais bonita no meio de todo este deserto. A tua flor já tem dono?”

…..

…..

Era lindo que tivéssemos perguntado isso não era? Mas não perguntámos… Pena! O que perguntámos foi se ela nos sabia dizer onde era o restaurante, ao que ela responde que era sempre em frente e como viu que éramos novos por ali, fez logo questão de nos dar as boas vindas e de se apresentar como a responsável pelo entretenimento ali na base. Claro que nas nossas inocentes cabeças, não nos passou nenhuma das ideias parvas que vocês estão agora a lembrar-se, do género:

“Eu quero é que me entretenhas mais logo, ó querida!”

Ou então:
“Vem aqui entreter o paizinho e depois recebes um chupa!”

Não, não, não! Nada destas piadas parvas foram alguma vez ditas por nós. A nossa mente é muito limpa e inocente e estávamos ali para trabalhar. Ao seguir as indicações da amável senhorita, fomos parar a uma esplanada ainda maior que a anterior, que tinha umas mesas no centro, tapadas por chapéus de sol enormes e à volta uns sofás de verga cercados por vegetação e árvores com aspecto bem saudável.

O restaurante estava ainda fechado, abria passado 20 minutos e por isso fomos explorar a parte da direita. Era o bar. Lá dentro, além do obrigatório ar condicionado, as paredes estavam cobertas de bandeiras de vários países, onde a nossa claramente estava em falta, já somos 5 portugueses a trabalhar aqui e queremos que o número aumente. Do lado esquerdo era o balcão e do lado direito havia uma TV gigante e uma mesa de bilhar.

Fomos até ao balcão, onde fomos atendidos por um barman com a camisa mais feia que vi nos últimos meses! O filme dele preferido deve ser o “Cocktail” com o Tom Cruise, filme esse que na altura que foi feito, aquela camisa, em alguns países do terceiro mundo, ainda era quase aceitável… Pedimos 3 cervejas, que custaram um total de 7 euros, cerca de 700 dínares. Bebemos as cervejas, enquanto o João mandou uma tareia ao Faísca no bilhar e entretanto ficou hora de almoçar.

domingo, 4 de maio de 2008

Coisas estranhas

Hoje aconteceram duas coisas estranhas aqui no Sahara.
A primeira foi que almocei lulas!! Estranho por eu ter gostado de as comer e estranho por se comer lulas num sítio tao quente e longe do mar.
A segunda coisa estranha foi que choveu!! :) Mesmo no meio do deserto, consegui arranjar maneira de apanhar com uns pingos em cima...
Além da chuva estiveram 43º, o que mostra bem quao amenos sao os dias aqui, dá vontade de enfiar a cabeça no ar condicionado e só tirá-la de lá perto das 8 da noite! Enfim, vidas...
Ainda nao vos disse, mas dos homens aqui sao diferentes do que em Portugal ou mesmo na Europa (ou pelo menos a maioria dos homens europeus..). Quando cumprimentam amigos, além do tradicional aperto de mao, dao ainda quatro beijos na cara!! Homens feios, escuros e de barba por fazer aos beijos uns com os outros... E por vezes vejo-os abraçados enquanto andam ou enquanto estao sentados. Acho que nao sao nada homofóbicos como a maioria dos europeus, embora me pareça que a homossexualidade nao seja muito bem tolerada nestes países. Gostava ainda de referir, que mesmo eles tendo este tipo de comportamentos, eu continuo a tomar banho sozinho e que a cama é individual e nao a partilho com mais ninguem!!
Há pouco lembrei-me de uma história minha de há muitos anos atrás. Quando tinha 16 anos, comecei a namorar com uma menina também de 16 que vivia no Luxemburgo. Namorámos durante 7 meses e foi uma relaçao com muita paixao dos dois lados. Devido á distância, decidimos que todos os dias, às 8 da noite, cada um de nós na sua cidade, iria olhar para a Lua e saber que o outro iria estar a olhar e assim sentiriamo-nos mais acompanhados e com a sensaçao de partilha de qualquer coisa, por muito parva que fosse.
Sei que olhando para trás, toda esta utopia me parece um bocado parva, mas a verdade é que estávamos muito apaixonados e na altura parecia fazer todo o sentido.
A verdade, é que agora aqui, sempre que me sinto sozinho ou com saudades, olho para a Lua e ... abraço-me ao primeiro argelino que passar...

Domingo é para descansar...ou nao!

Olá!

Hoje é domingo e muito de vocês ainda devem estar na cama (e fazem bem) a gozar a manha do último dia do fim-de-semana.

Quanto a este vosso amigo, como todos os dias, levantou-se às 6:15 (alguns de vocês ainda não deviam estar na cama nessa altura) horas de Portugal e Argélia, porque a Argélia não adianta nem atrasa a hora durante o ano, é sempre a mesma hora, por isso, durante seis meses eles têm o nosso fuso horário, durante os outros seis meses, têm o fuso horário do centro da Europa.

Passam já das 11:30 e aqui já são horas de ir almoçar. Antes de ir, decidi escrever uma coisa que acho gira aqui. Como sabem, estou no fim do mundo, com Longitude 0º e Latitude 22º, ou seja, em pleno deserto. E o estranho é que se vêem aqui imensos pássaros de muitas espécies diferentes. Explicaram-me que eles paravam aqui por causa das migrações e como temos tanques de água e sítios com sombra, eles aproveitam e fazem aqui um “pit stop”. Não sou grande biólogo mas dada a altura do ano, tenho para mim que eles estão a caminho do Norte, onde as temperaturas estão bem mais amenas e a Primavera desabrocha. Mais isso é só a minha opinião, aceito outras, como sempre.

Tinha mais qualquer coisa para vos dizer, mas agora não me lembro do que era. Isto são os 41º que estão lá fora a fritar o cérebro a um gajo… Quando me lembrar venho aqui fazer o update!

Beijinhos e abraços, só faltam 24 dias para eu voltar à nossa terra!

sábado, 3 de maio de 2008

Base Repsol

Vamos voltar então a Hassi Messaoud.

À primeira vista, a entrada da nossa base, não parecia grande coisa. Dos nossos outros dois colegas que já trabalhavam para a Repsol desde o verão, sempre ouvimos coisas boas, a falar de uma piscina, bar e condições tipo resort. Mas não estava a ver nada disso.

Pegámos nas nossas trouxinhas e seguimos toda a gente do autocarro para dentro de um edifício. Todos pousaram as malas ao pé de uma escada e como bom português, fizemos o que todos fizeram. Subimos as escadas atrás da multidão e perguntámos pelo nosso suposto contacto, um tal de Jaime. Disseram-nos que estava em reunião, teríamos que aguardar. Nessa altura, o Sr. Faísca, decidiu que iria tomar um café na máquina que estava no hall do primeiro andar. Agarrado a essa mesma máquina estava um funcionário argelino a tentar fazer qualquer coisa, que aparentemente nem ele sabia bem o que era… O Xispas (ou Faísca) carregou no botão da máquina em que estava escrito Café e no ecran apareceu 0,125. Seriam euros ou moeda local? Tentou perguntar ao Zé que estava a mexer na máquina mas a conversa em Inglês/Francês/Argelino/Gestual não correu grande coisa, em que o Xispas já quase tinha desistido de tomar café e o argelino só dizia “Clé, Clé…”.

Pelo post anterior, sobre a chegada ao aeroporto, vocês ficaram a perceber que o meu francês é para cima de desenvolvido e por “clé” eu estava a perceber “chave” mas achei melhor não fazer grandes comentários, visto chave naquele contexto não fazer muito sentido. É nessa altura, que o argelino decide levantar-se e levar o Xispas ao corredor que estava ali ao pé. Pensei logo:

“Pronto, o argelino tem a metralhadora ali no canto guardada, ao lado da marmita e do boné, e como o Xispas estava a fazer-se de parvo ao não entender argelino, vai “comer chumbo” para perceber quem é que manda aqui…”

Surpresa das supresas, passados 20 segundos, aparecem os dois e o argelino tinha uma coisa verde na mão. Era a suposto chave (Afinal quem é que percebe de francês aqui hâ?) que ao introduzir-se na máquina, fazia com que todos os produtos fossem de graça (grande companhia a minha, até as máquinas são de graça!).

Já com o café na mão, o Xispas, eu e o João, esperámos então pelo Jaime. Fomos para uma quase varanda que havia ao fundo do corredor para o Xispas poder fumar o seu vício do costume e do alto da varanda não se via piscina nenhuma. Passados uns minutos, lá saiu o Jaime da reunião e fomos levados para o escritório dele. Mesmo antes de chegar ao escritório dele, passa-se por uma sala maiorzinha onde logo à entrada está uma secretária, que a nível global, como mulher, no campeonato argelino deve jogar para ir à Taça UEFA de certeza (para quem não percebe estas coisas, quer dizer que era bem sopimpa de olhar). Passamos por ela, ainda sem acreditar no facto de haver mulheres gostosas na Argélia, e fomos conhecer o chefe.

É um homem nos seus 50 e tal mas bastante simpático e como sabe quase falar em português, sempre a esforçar-se por falar em portinhol e até de uma maneira nada má. Ele lá nos deu as boas vindas e todas as coisas do costume. Disse para tentarmos trabalhar 4 semanas e depois voltar 4 semanas para Portugal e disse que nos ia tentar mandar para as sondas com melhores condições para não sofrermos muito (nessa altura…..medo….Como serão as piores?). E pronto, lá conhecemos todas as pessoas, ou pelo menos apertámos as mãos a todos, e no meio de tratar de varias papeladas, o Jaime disse para irmos dar uma volta, almoçar e depois, lá para as 14, voltarmos para ver de “cenas”.

Fomos falar com a mulher que tratava da distribuição dos quartos. A senhora só conseguiu arranjar dois quartos, que os deu ao Faísca e ao João (eles são mais giros que eu) e disse que ia tentar arranjar um para mim (eu já me estava a ver a partilhar uma cama single com um argelino e só pedia para que ele fosse limpinho e meiguinho).

Fomos então conhecer as instalações…

Será que havia piscina? Será que haveria algum sítio para beber uma fresca “jola”?

Amanha ficarão a saber!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Boring

Olá fofas e fofos!

Sei que tinha prometido a continuação da história de Hassi Messaoud mas hoje não tenho paciência para isto. Estão lá fora 37º e estou a sentir-me mole por isso hoje não há grandes histórias.

Gostava só de salientar que estou no deserto desde sábado, e hoje, 5ª feira, comi pela primeira vez peixe! :) Viva as modernidades e as arcas frigoríficas ambulantes!

Bom dia do Trabalhador para todos, aproveitem bem porque estou a aproveita-lo a trabalhar e a comer areia. Hoje está muito vento e areia fina por todo o lado... Ao menos deve ajudar na digestão!

Abracinhos a todos!