sábado, 19 de julho de 2008

Encanto africano II

Tic tac, tic tac, tic tac… Os minutos passam, lá fora é vento e areia por todo o lado, um calor estúpido e nós ali sentados…

Passado uma hora ou coisa assim, lá temos o desert pass e os passaportes de volta. Saímos do terminal das chegadas, andamos 50m para o lado e entramos no terminal das partidas.

Logo à porta, espera-nos o habitual controlo por raio-x, pôr os telemóveis, carteira e cinto no tabuleiro, malas no tapete e passar pela “portada”. Nas malas e no tabuleiro não há problema, o ridículo é quando passamos na “portada” pois aquilo apita sempre, mas quando digo sempre, não estou a exagerar, aquilo apita mesmo quando não está ninguém a passar. Então, claro que o militar que lá está a controlar aquilo, fica todo contente por poder apalpar tudo o que é homem que passa por lá. Mas o que é ainda mais escandaloso é que à nossa frente, os argelinos apitam todos e o gajo está-se a cagar, quando são pessoas com pinta de estrangeiros, vai de revistar (porque toda a gente sabe se há alguém com tradição de rebentar bombas e andar com armas, são os europeus, nunca os argelinos…).

Mas pronto, mais uma das particularidades do dia a dia de um país africano…

Depois de verem que aparentemente somos seguros, temos que preencher as folhas de saída de Hassi, fazer o “pseudo check-in”, pesar as malas e o nosso bonito corpinho. Tratado disso, resta esperar. Eram umas 9h e o voo seria às 10 mas lá fora o vento continuava na mesma, bem fortinho!

Esperámos, esperámos, esperámos… Conversa com este, conversa com aquele, ali encontra-se sempre alguém conhecido, alguém que trabalha connosco ou já trabalhou. Mas como éramos três portugueses, ao menos estávamos sempre acompanhados.

Os minutos vão passando e finalmente às 10.30, o gajo da Repsol veio-nos dizer que o voo tinha sido adiado para as 14 por causa do vento e por isso íamos almoçar à base. Nada mau, já nos estava a ver a esperar horas e horas no aeroporto, no meio daquela confusão toda, porque os voo estavam todos atrasados por isso meia Argélia estava ali dentro e ar condicionado, que é bom… ZERO!

Entramos então nos carros, malas arrumadas no porta-bagagem, ‘bora para a base.

Chegamos lá e vamos ao escritório dizer olá às pessoas, só para não dizerem que não fomos lá e para não se esquecerem de nós na altura das promoções. “Olá, olá, como é? Tá tudo? Essas ferias?” conversinha banal do costume e pronto, ficamos com aquilo despachado e são só 11 horas, o que vamos fazer? Piscina? Não… temos que ir buscar os calções à mala e depois não temos sitio para tomar banho e teríamos que arrumar os calções na mala todos molhados… e que tal ir ao bar e jogar um bilharzinho? BOA IDEIA!

Lá fomos nós. Toda a base a trabalhar e os três tugas, armados em campeões, a jogar bilhar no fresquinho do ar condicionado, enquanto na TV dava alguns grandes êxitos do ex-preto Michael Jackson. Jogámos um torneio entre os três, todos perdemos um jogo e ganhámos outro, o que me pareceu justo, assim ninguém fica triste. Olha, horas de comer…

Somos quase os primeiros a servirmo-nos e a sentar numa mesa ao pé da fila para a comida. Má escolha! Não tardou, começaram a chegar as pessoas todas também para comer e o lugar era fixe para ver as gajas que trabalham na base, era péssimo porque os nossos chefes também lá estavam e ficaram logo a perceber que andámos na palhaçada em vez de estar a fingir que estávamos a trabalhar no escritório! Que sa foda!!

Almoço comido, vergonha passada, fomos para uns sofás no andar de debaixo do escritório (com ar condicionado claro!) para ver se o tempo passava. Estava lá sentado um geólogo espanhol, que ficou ali um bocado na conversa. Como éramos três e era chato ninguém falar com o homem, ficou mais ou menos decidido que íamos dormitar à vez e aquele que estivesse acordado ia dando conversa ao homem… ate resultou bem!

Tínhamos que ir para o aeroporto às duas, mas finalmente alguém percebeu que seria mais inteligente ligar para lá e saber como estavam as coisas e só quando houvesse confirmação é que se iria. Nestes momentos de espera, estávamos todos as torcer para que a tempestade passasse e ficássemos a dormir na base, onde poderíamos ir à piscina e beber umas cervejas enquanto o ordenado continuava a aumentar! Nada disso… às duas veio o gajo do costume dizer que o voo estava confirmado para as 15 por isso toca a ir para o aeroporto.

Chegados lá, mais uma vez, raio-x, aquilo a apitar, europeus revistados (caga nos outros, naqueles que têm ar de bombistas), malas embarcadas, vistos verificados várias vezes, mais raio-x, sala de espera, autocarro e finalmente avião.

1 comentário:

Anónimo disse...

O meu último episódio no control do aeroporto em Hassi foi engraçado...iam dois jovens Argelinos à minha frente(que por sinal cheiravam a Alfazema)e que para espanto de toda a gente, ao passar no control...APITARAM!!!...incrivel!!APITOU...como é possivel??!!

Impavido e sereno o Policia deixou-os passar sem se quer dar um apalpaozinho...!!!

Chegada a minha vez...passo pelo control e eis o MILAGRE...NAO APITOU!!...Senti-me nas nuvens e agradeci a Deus tal feito...por momentos mas só por breves momentos me senti feliz, isto porque o atrasado do Boia se dirigiu a mim para literalmente me apalpar...cocegas e mais cocegas lá lhe esbocei um sorriso...MALANDRO!!!!

DT TUGA PISTOLS