quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Aventuras


Tenho uma amiga que foi sozinha para a China passar dois meses!!

Esta minha amiga, que vamos trata-la por Ana, há uns anos foi viver para Paris para tirar uns cursos ligados à realização e encenação (acho que foi qualquer coisa deste género) e passado uns anos de lá estar a viver, decidiu agora ir passear durante dois meses sozinha na China.

Para quem não sabe, a China não é propriamente ali ao lado... E aposto que alguns de vocês estão a dizer que ela deve ter bigode, é corcunda e uma das pernas já não dobra...Nada disso! Ela tem 26 anos, é modelo fotográfico, muito gira e bem feita, e como pessoa é muito interessante e original.

Mas isto tudo para quê? Porque falo disto?

Não vou dizer que a China seja "aquele" país que sempre quis conhecer, aliás, há poucos países que sempre quis conhecer, há mais cidades europeias onde gostava de ir, do que propriamente países que gostava de conhecer de alto a baixo.

O que gostava de salientar aqui, é a coragem dela, de fazer a mala e simplesmente ir à aventura, à deriva, sozinha. Vai conhecer as terras que quiser, conhecer uma cultura muito diferente da nossa, passear, apanhar chuva e sol chineses, deve aprender a fazer "carne de vaca com molho de ostras" e se calhar ainda conhece algum chinês engraçado (coisa que duvido, toda a gente sabe que os homens giros se encontram geralmente na zona do Areeiro, aqui em Lisboa).

Ás vezes, também penso em ir passear, ir ver terras novas e descobrir pequenos pormenores que não faço ideia que existam. Mas, geralmente não gosto de fazer essas coisas sozinho. Estive em Luanda sozinho e na Escócia também (por causa de trabalho), e dessas vezes, senti sempre que seria mais giro com alguém ao meu lado, principalmente se fosse a minha princesa. Neste momentos não tenho princesa, por isso não sentiria falta dela, mas mesmo assim a preguiça ou a falta de "aventurice" em mim não me deixa sair e ir à aventura.

A verdade é que neste momento, estou a tentar ir para fora fazer mestrado e não tenho tido emprego fixo, o que faz com que o dinheiro não seja à "rasquinha" mas com alguma moderação.

Por isto tudo, queria mandar um beijinho à Ana e esperar que a viagem lhe corra muito bem. A última vez que falei com ela, ela só tinha viagem marcada de volta para o princípio de Abril, mais ela não sabia... giro não é?
P.S: Kapa, sempre vais também?

2 comentários:

sara disse...

Força Ana! (que não conheço mas também já admiro). Engraçado que fales nisto porque ando com uns bichinhos viajantes a incomodar-me há uns tempos. E a ida à Escócia não serviu para os apaziguar. Apetece-me ir assim também, sem limites. Sozinha tem um encanto especial, faz da viagem quase uma meditação. Deve ser muito bom... O meu destino de agora: India. (mas antes do saldo o permitir, fico-me por Amsterdão dentro de uns meses)
bjinhos

K. disse...

T,

De facto uma mulher assim é de admirar, como já te disse. E é uma coisa ainda rara neste país (felizmente cada vez menos). Ao contrário dos países do norte da Europa a mulher portuguesa não tem esta cultura de viajar e aventurar-se sozinha. Por aí encontram-se alemãs, suecas, francesas, holandesas, etc a viajarem sozinhas. Mas portuguesas não (e já agora espanholas e italianas também é raro). Será uma questão cultural? Talvez. Talvez seja um sinal que o passo decisivo para a emancipação total das mulheres neste país tenha de partir da atitude delas próprias.

E não é fascinante fazer uma viagem destas? E porque não sozinhos? Sozinhos estamos mais abertos a tudo o que vem de fora, a imiscuir-nos na cultura local. Quando viajamos em grupos tendemos a fechar-nos dentro do nosso grupo e muito do que há para absorver escapa-nos por completo. Acho que uma viagem assim serve essencialmente para nos descobrirmos a nós próprios, para aprendermos a melhor aceitar o que nos rodeia e para vermos quais são os nossos próprios limites.

Viajar assim é algo muito diferente de ficar uma semana num hotel, passar o dia na praia e de noite ir para um bar. Isso, se quiser posso fazer em casa. É a tal diferença entre ser turista e ser viajante. Não digo que não haja lugar para tudo, mas acho que fazia bem a todas as pessoas experimentarem a segunda hipótese. O mais fundamental é ter a mente muito aberta. Quanto a isto não posso deixar de recomendar o livro que estou a ler, "Shantaram" de Gregory D. Roberts, vale bem a pena as 900 páginas.

Se eu sempre vou? E porque não! Pensei nisso porque acho que esta é a altura ideal para o fazer. Sem namorada e sem nenhum outro compromisso particular até Outubro tempo não me vai faltar. E há que perder o amor ao dinheiro... Já viajei muitas vezes sozinho, até pelo meio de montanhas varios dias mas nunca fiz uma viagem assim por um país culturalmente tão diferente e com uma língua que me fosse completamente estranha. As minhas hipóteses são muitas, a China sem dúvida que é um país fascinante (passaria boa parte do tempo no Tibete!), a Índia (concordo com a S.), Sudeste asiático (Cambodja, Laos, Vietname), África (Namíbia, Botswana, Moçambique, Malawi), América do Sul (Peru, Chile, Argentina), and so on and so on...

T, tu dizes que te falta este espírito, mas eu acho que é só uma questão de disposição. Se calhar se experimentasses ias gostar. Pensa nisso. Já viste a quantidade de histórias que ias trazer de uma viagem dessas para depois publicares aqui? São estas coisas que tornam a nossa vida mais rica.

E pronto, acho que é tudo que este post já vai longo...